terça-feira, 31 de maio de 2011

A aflição de ser eu e não ser outra


"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."


Hilda Hilst
(poeta, escritora e dramaturga brasileira)


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diários uterinos

Os diários são atalhos para a alma de quem os tem. Talvez por isso eu não tenha um: não creio que a minha alma esteja pronta para ser lida por aí. Ainda assim, gosto de ler o diário de outras pessoas – o que é no mínimo irônico, eu sei – e resolvi compartilhar com vocês os itens de uma coleção de diários que um dia pretendo completar para ler várias e várias vezes, do começo ao fim do livro e da vida. Porque além do prazer da leitura curiosa em si, os diários são o material ideal para o livro que estou escrevendo, o “Útero Vazio”, que de uma certa forma nada mais é do que um diário coletivo. Talvez por isso, e não por coincidência, os 4 diários que eu mais desejo ler tenham sido escritos por uterinas muito queridas sobre as quais não me canso de pesquisar:

1) O diário de Virginia Woolf – dividido em 5 volumes (escrito de 1915 a 1941)


Trecho do diário:

“Valha-me Deus! Discutimos quase toda a manhã! E a manhã estava linda e agora desapareceu no Hades para sempre, ferida com as marcas do nosso mau-humor. Quem começou? Quem continuou? Eu sei lá. O que posso dizer é isso: eu fervo em pouca água, e o Leonardo fervilha.” [1]

2) O diário de Virginia Woolf II – “A casa de Carlyle e outros esboços”


Trecho sobre o diário:

"Até 2003, este diário estava esquecido em uma gaveta. A datilografia dos textos tinha sido encomendada pelo marido da escritora, Leonard Woolf, em 1968, a uma jovem chamada Teresa Davies. Mas antes mesmo que Teresa tivesse começado o trabalho, Leonard adoeceu e morreu. Sem saber o que fazer com o caderno de papel pardo, ela o guardou, permanecendo intacto até o ano passado.O diário tem a forma de um bloco de notas e a inscrição "1909" na capa. Mas, ao contrário dos diários posteriores, recheados de acontecimentos, impressões e impropérios, este é um caderno de esboços, divididos em sete capítulos, que revelam uma Virginia Woolf ainda não consagrada, uma autora em formação, uma mulher cheia de dúvidas.” [2]


3) O diário de Frida Kahlo (escrito de 1944 a 1954)

Trecho sobre o diário:

“Ler o diário de Frida Kahlo é inquestionavelmente um ato de transgressão, com certa matriz voyeurista. Este documento constitui a expressão mais íntima dos sentimentos da artista, cuja intenção não foi publicá-lo. Por esta razão cabe catalogá-lo dentro do gênero do diário íntimo, série de anotações de caráter pessoal realizadas por uma mulher. (...)O fato de Frida Kahlo incluir parte da sua obra gráfica no seu diário pessoal converte a este último numa peça quase única entre os “jornais íntimos” dos que se têm conhecimento. Esta coleção de imagens difere do típico caderno de esboços de artista, habitualmente utilizados para guardar traços preliminares de obras posteriores, ou melhor para pôr em formato reduzido a solução de quadros maiores. Só numa ocasião a pintora transformou um desenho realizado a tinta, incluído no diário, num quadro em grande escala. E diferente dos outros, Frida Kahlo deixa de lado os acontecimentos quotidianos e expressa no seu diário – como Virgínia Woolf – uma marca de sentimentos (e imagens) que não se encontra em mais nenhuma outra parte.” [3]

4) O diário de Beatrix Potter


Trecho sobre o diário:

"Na adolescência, Beatrix Potter começou a escrever um diário secreto, em código. Quinze anos após a sua morte, o código pôde ser decifrado. Foi publicado em inglês, sob o título de “Beatrix Potter: A Journal”. [4]


Fontes:
[1] http://virginiawoolf.wordpress.com/2011/05/22/cotidiano-1/
[2] http://srv-net.diariopopular.com.br/03_10_04/ir290902.html
[3] http://www.diariografico.com/htm/outrosautores/Frida/Frida03.htm
[4] http://www.alexsensfuziy.com/2011/04/06/sylvia-plath-escreveu-sobre-virginia-woolf/

sábado, 14 de maio de 2011

sionista americana fundadora da organização "Hadassa",

Dolly Parton


Sobre o que sentiu após se submeter à laqueadura (um processo de esterilização definitiva, que consiste no fechamento das tubas uterinas).

"I was feeling guilty about not having kids, about having a career, that I'm not the woman I should be because I don't have a desire to have them, that I was selfish."

“Eu me senti culpada por não ter filhos, por ter uma carreira, por não ser a mulher que eu deveria ser já que eu não desejo tê-los, por ser egoísta.”


Dolly Parton
Cantora e compositora americana


Fonte: Dolly Parton online



domingo, 8 de maio de 2011

O dia das Aias


No dia das mães nós vamos falar das Aias, as mulheres que, no mundo criado pela Margaret Atwood, eram forçadas a ter um filho após a outro e existiam exclusivamente para procriar. Elas eram mães, portanto o dia de hoje também é delas, mas eram um tipo bem diferente: mães escravizadas, que não tinham tempo nem condições de idealizar a maternidade, nem de criar laços com os filhos que não desejavam ter. Eram verdadeiras máquinas de parir. Vale à pena visitar o mundo delas e refletir sobre ele.

Sinopse do livro

A história de "O conto da aia", da canadense Margaret Atwood, passa-se num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes ? tudo fora queimado. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no Muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Para merecer esse destino, não é preciso fazer muita coisa ? basta, por exemplo, cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como "liberdade". Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América.
 
Como tudo pôde mudar tão rapidamente? Offred, a narradora, responde: "Foi depois da catástrofe, quando mataram a tiros o presidente e metralharam o Congresso, e o Exército declarou estado de emergência. Na época, atribuíram a culpa aos fanáticos islâmicos. Mantenham a calma, diziam na televisão. Tudo está sob controle. (...) Foi então que suspenderam a Constituição. Disseram que seria temporário. Não houve sequer um tumulto nas ruas. As pessoas ficavam em casa à noite, assistindo à televisão, em busca de alguma direção. Não havia mais um inimigo que se pudesse identificar." Não, este não é um romance pós-atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Margaret Atwood, a grande dama da literatura contemporânea em língua inglesa, publicou-o originalmente em 1985. O livro já é um clássico, há muitos anos adotado nos colégios ingleses, canadenses e americanos.
 
E agora ganha tradução para o português.As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado ? há as esposas, as marthas, as salvadoras etc. À pobre Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar. Uma catástrofe nuclear tornou estéril grande parte das pessoas, de modo que as mulheres férteis agora são preciosidades. Transformadas em aias, elas são entregues a algum homem casado do alto escalão do exército e obrigadas a fazer sexo com eles até engravidar. Portanto, a cada mês, menstruar é fracassar. E quando elas engravidam, dão à luz e amamentam a criança por alguns meses, sendo que o bebê é propriedade do casal que as escravizou. Após o período de amamentação, elas são entregues a outro homem e passam pelo mesmo martírio novamente, agora com outro nome ? Offred é "of Fred", "de Fred", "pertencente ao homem chamado Fred". Ao longo da vida, uma aia pode ter vários donos e, portanto, vários nomes: Ofglen, Ofcharles, Ofwayne...As aias são controladas e vigiadas dia e noite.

Elas não têm permissão para escrever nem ler, só podem ir ao banheiro um determinado número de vezes por dia e não devem permitir que nenhum homem veja qualquer parte do seu corpo exposta, nem mesmo os braços. O ideal é que nem seu rosto seja mostrado.

É uma vida triste, mas um destino melhor que o das não-mulheres, como são chamadas aquelas que não podem ter filhos, as homossexuais, viúvas e feministas, condenadas a trabalhos forçados nas colônias, lugares onde o nível de radiação é mortífero.Offred tem 33 anos. Antes, quando seu país ainda se chamava Estados Unidos, ela era casada e tinha uma filha. Mas o novo regime declarou adúlteros todos os segundos casamentos, assim como as uniões realizadas fora da religião oficial do Estado.
 
Era o caso de Offred. Por isso, sua filha lhe foi tomada e doada para adoção, e ela foi tornada aia, sem nunca mais ter notícias de sua família. É uma realidade terrível, mas o ser humano é capaz de se adaptar a tudo. Offred escreve em seu diário proibido: "A sanidade é um bem valioso: eu a amealho e guardo escondida, como as pessoas antigamente amealhavam e escondiam dinheiro. Economizo sanidade, de maneira a vir a ter o suficiente quando chegar a hora."Com esta história assustadora, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente. O conto da aia já foi transformado em filme, peça de teatro, ópera, audiolivro e dramatização radiofônica.
 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mais do mesmo



 


Já faz algum tempo que ando pensando nisso quase sem parar, daí lembrei de um texto da querida Lélia Almeida que começa assim:

Hoje a minha faxineira me disse que nem gosta mais tanto assim do marido, mas que vai continuar com ele. Perguntei o motivo e ela disse, Dona Lélia, ele nem me bate!”

E assim a vida continua ao lado desse porque ele nem me bate, daquele porque ele nem reclama, do outro porque ele nem me trai.

Daí penso: será que nós mulheres poderíamos ter estabelecido expectativas mais baixas em relação aos nossos maridos?

Será que precisamos mesmo nos submeter tanto assim, porque tem mulher que apanha todo dia então se não apanhamos já somos sortudas; se não temos um marido bancando o pai e reclamando de tudo 24 horas por dia já é vantagem, se o marido não enche a nossa cabeça de chifres isso já conta pontos pra ele... Como e quando nós decidimos que o pouco que as mulheres da idade da pedra receberam dos maridos será o pouco que nós também teremos?

Será que esse não é o tipo de herança que é melhor recusar? Porque se não for pra ter um marido bom qual é a razão para ter um marido? Problemas e crises todo casamento tem, afinal de contas são duas pessoas dividindo o mesmo espaço e tentando alinhar sonhos e vontades individuais ao mesmo tempo, mas daí a um casamento inteiro ser um martírio, um sacrifício, um sofrimento contínuo, um dia atrás do outro, como uma fila indiana de frustração, insatisfação, desconsideração e desrespeito.

Antes, quando as mulheres não podiam estudar, não podiam votar, não podiam se divorciar e não podiam escolher seus próprios parceiros, não fazia sentido algum, mas pelo menos historicamente compreendia-se as razões que as forçavam a continuar em um casamento que só as machucava. Mas hoje em dia? Que, pelo menos no nosso Brasil, nós, mulheres, temos direito a tudo? Pode demorar ou custar um pouco mais caro, um pouco mais de esforço, de vontade, mas querendo e se permitindo tentar uma mulher brasileira pode sim chegar a qualquer lugar e posição que desejar, então por que nos contentamos com o pouco que nos dão? Com esmola, com resto?

E não adianta dizer que não existe homem bom porque existe. O que não existe é oferta sem demanda. Se não tem quem queira o produto ele sai do mercado e é obrigado a ser reformulado até agradar os consumidores. Se marido que bate for denunciado, se marido que trai for largado, se marido que reclama o dia todo for recriminado, uma coisa ou outra vai ter que acontecer: ele vai mudar, ou você vai largar. Pode não ser na primeira vez, mas opção você tem. O quanto vai durar, quantas chances você vai dar, quantas vezes você vai tentar, vai avisar ou vai perdoar, é decisão e problema seu, mas não venha me dizer que não tem solução porque tem.

Se o cara não muda, não melhora, e nem tem intenção de mudar o que diabos você ainda está fazendo aí? Cada dia nessa situação é um a menos de felicidade e um a mais de mais do mesmo. E não adianta culpar os filhos ou a velhice porque no final a decisão de continuar nos trilhos da infelicidade é sua e só sua, de mais ninguém.

E quem acha que não é bem assim deveria ler o livro “Quando as mulheres rompem” da Isabelle Yhuel. Segue o meu trecho favorito abaixo.

"Madeleine, 68 anos, pediatra.

Ao final de três meses de mais uma reforma na casa, compreendi que apesar das aparências eu não tinha vivido com Victor. Depois de 20 anos roçávamos na vida como ao longo dos corredores dessa casa que habitávamos, onde cada um tinha o seu quarto num extremo já que a rotina de nossas vidas não era a mesma, estando Victor insone metade da noite. Ele era diretor adjunto de uma sociedade, trabalhava muito, viajava muito, e eu era pediatra. Portanto tínhamos levado com os nossos filhos uma vida familiar bastante frouxa. Victor tinha sido casado uma primeira vez e eu também, antes de nos casarmos. A reforma foi um momento terrível, porque mesmo tendo cada um de nós mantido as ocupações, o cotidiano depressa foi de faísca entre nós! Revelávamos ser totalmente insólitos um ao outro, não tínhamos de modo algum evoluído da mesma maneira. Victor tinha se ocupado de curiosidades culturais e sociais, que partilhávamos antes, curvado sobre um mundo de questões superficiais que não me interessava, o mundo das aparências, e eu não tinha grande coisa a partilhar com as pessoas que ele freqüentava. Já eu tinha amigos com os quais ele se aborrecia. E, depois, ele estava sempre ocupado. Todos os dias ele tinha a necessidade de organizar dezenas de coisas a serem feitas no dia seguinte, enquanto eu tinha o desejo de suspender o tempo e aprender a andar e a viver devagar. Eu desejava o tempo como um vasto espaço aberto diante de mim, o que só acontece tarde na vida, quando os filhos já estão grandes e nos sentimos mais sozinhas. Como estávamos ambos sob a influência desta passagem à reforma, que não é uma etapa fácil de gerir, eu me conformei. Mas tudo ia de mal a pior. Ao escutá-lo eu não o ouvia. Eu não suportava a presença constante dele na minha vida, nas minhas decisões, na minha rotina. O modo como ele se apropriava de todos os cômodos; tinha a sensação de que ele estava em todo lado ao mesmo tempo, deixando rastros de bagunça, embora ele dispusesse de um escritório na casa, e eu não. Eu não tinha um lugar em minha própria casa onde eu pudesse estar tranqüila, sozinha, sem ser interrompida. Então eu acabava me forçando a sair da casa na tentativa de encontrar algum conforto até finalmente ficar esgotada e de mau humor. Quando chegava, fatigada, temia que ele lá tivesse porque ia fazer perguntas , ligar a televisão. Achava-o extremamente barulhento. Claro que havia também momentos de cumplicidade e riso, mas o prazer a dois era tão pequeno e escasso em relação ao peso da vida cotidiana com que atingia os meus nervos.

Por vezes eu soltava um “Precisamos nos separar”, mas sempre soava tão ridículo nas nossas idades... começar de novo...

A minha irmã mais velha me ajudou sem saber. O marido dela, que sempre tinha sido autoritário, se aposentou e a partir desse momento a convivência deles se tornou insuportável. Ela dizia que vivia os anos mais difíceis de sua vida, com ele sempre por perto a reclamar. Vê-la assim tão infeliz, me fez tomar uma decisão. Disse a mim mesma que aquela não era a velhice que eu queria pra mim e preveni Victor de minha intenção de nos separarmos. Mas ele achou que não aconteceria e nem se deu ao trabalho de discutir. Então uma tarde eu disse: Amanhã eu irei embora. “Você não me avisou que tinha uma viagem organizada com amigos” respondeu ele pois pensou que as malas eram pra uma viagem. Eu não parto em viagem. Fico nesta cidade ou país mas amanhã deixarei essa zona. Então ele me ameaçou, lembrou-me que eu não tinha nada, visto que a enorme casa onde vivíamos era dele, havia sido comprado com o dinheiro dele. Fez-me uma chantagem banal citando o dinheiro. Eu tinha consciência de que uma forma de bem-estar iria desaparecer da minha vida, mas também tinha consciência de que me restavam, na melhor das hipóteses, dez ou quinze anos para viver com boa saúde, ainda viva e curiosa, e estes anos seriam, por outro lado, mais preciosos do que qualquer conforto que aquele casamento pudesse me garantir. Portanto mantive a minha decisão. Então ele pôs-se a chorar disse que não suportaria ficar sozinho, e entrou em pânico como uma criança. Isto reforçou a minha decisão, eu não queria viver com alguém unicamente PR razões práticas pra ele e pra um conforto recíproco. Eu a governanta, a secretaria, a faz-tudo, ele o rei que me sustenta.

Aluguei um apartamento bonito de 3 cômodos e um preço bem razoável. Preveni os amigos de que substituiria o salmão pela lentilha, mas os encontros para bater papo seriam os mesmos. Os meus filhos reprovaram, mas depois se acostumaram com a idéia. Eles e os meus amigos tinham medo por mim, pensavam que eu sentiria falta dele, ou do conforto. Todos hoje estão tranqüilos depois de verem no meu rosto e ouvirem na minha voz que esta ruptura foi uma libertação.

Eu não estou só, mas livre, não é a mesma coisa e não penso em voltar a viver com alguém. Parece estranho levantar essa questão agora que tenho 65 anos, pois imaginamos que com esta idade toda a vida de sedução terminou. Eu própria pensava assim. Com o meu marido nós quase já não fazíamos amor. Atualmente eu vivo uma verdadeira relação amorosa. Quando me vou encontrar com esse homem o meu coração bate, e eu estou lá de corpo e coração. Vivendo só eu descubro todos os dias que sou diferente do que eu pensava. Claro que chegará um momento em que as minhas forças declinarão, em que estarei cada vez mais doente. Será preciso ficar com o meu marido unicamente para sermos um dia enfermeiros um do outro? Não quero alienar o meu presente para um possível futuro, o qual não sabemos nem como será. Encontrarei soluções à medida que as dificuldades se apresentarem, como fazem tantas mulheres sozinhas, viúvas ou celibatárias.
Só hoje compreendo o que significa a palavra independência. Eu era uma mulher autônoma, mas me pergunto até que ponto a personalidade e o estilo de vida de Victor me limitaram a uma vida que não é a minha escolha. Amo a minha independência.
Hoje em dia, aprendo a ser suficiente para mim mesma, a pensar por mim mesma, a mudar a minha vida quando decido, a não me colar a códigos de conduta ou decência, a ser livre!"

Nicole Rodrigues






domingo, 1 de maio de 2011

Complexo de Cinderela


"We’ve been groomed and educated for dependency – for motherhood, for wifedow; for what is really, when we sit down and analyse it, an infinitely extended childhood. When marriages break-up, women are often profoundly shocked to find themselves in charge of their own lives for the first time. Deep down they had always believed that to be supported and taken care of by someone else was their God-given right."

"Nós fomos criadas e educadas para sermos dependentes – para sermos mães e esposas; para o que, na verdade, quando nós paramos para analisar, é a extensão de uma infância infinita. Quando os casamentos acabam, as mulheres ficam profundamente chocadas ao perceberem que estão no controle de suas vidas pela primeira vez. No fundo elas sempre acreditaram que ser cuidada e sustentada por outro alguém é um direito que lhes foi dado por Deus."

Colette Dowling
Autora do livro "Complexo de Cinderella"

Tradução: Nicole Rodrigues




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