Mostrando postagens com marcador Livros Uterinos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Livros Uterinos. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de julho de 2015

Camille Claudel

Hoje descobri mais uma adimirável mulher que não teve filhos e deixou um legado atemporal, apesar da curta linha do tempo em que viveu - neste caso, quase sempre, em isolamento.

Seu nome é Camille Claudel uma escultora francesa que produziu um número gigantesco de obras de arte.



Paixão, beleza, força de vontade inesgotável e talento raro são termos que encontrei com frequência no pouco que li sobre ela até agora.

Mas encontrei um livro...



E dois filmes...





E pretendo mergulhar nos três para descobrir mais sobre a vida desta mulher que passou os últimos 30 anos de sua vida em um hospício, mesmo não sendo louca. Deprimida, sim. Louca, não. Mantê-la enjaulada foi decisão da família para proteger a carreira de seu irmão mais novo, o diplomata e poeta francês Paul Claudel. Se ainda hoje uma mulher com gênio indomável costuma ser vista como alguém que deve ser controlada, imaginemos então o que não foi viver 150 anos atrás. 

Ela sofreu, morreu, e por um certo tempo até chegou a ser esquecida. Mas nas últimas três décadas o interesse por sua arte e por sua vida tem aumentado e o número de obras que a homenageiam tem se multiplicado rapidamente na literatura, no cinema, na música e no teatro.

Encontre algo para ler, ver ou ouvir. E ajude a manter a chama da Camille acesa.



domingo, 2 de novembro de 2014

Robyn Davidson

Em 1977, uma australiana de 26 anos iniciou uma aventura que duraria nove meses: ela percorreu 2700 km acompanhada apenas de um cachorro e de 4 camelos. O desafio era cruzar o deserto australiano e, não só sobreviver, mas viver, tudo o que essa jornada teria para oferecer. E ela o fez.



Nove meses. Uma gestação física, emocional e espiritual, não há dúvidas.


Ao voltar do deserto, ela se surpreendeu com o enorme interesse das pessoas pela sua história, despertado por uma matéria da revista National Geographic, e decidiu escrever um livro que chamou de Tracks (Pegadas). 


Trinta e sete anos depois este livro foi adaptado para as telas do cinema com o mesmo nome e eu corri para vê-lo. 


Até pouco tempo atrás eu sequer sabia que existia uma heroína neste mundo chamada Robyn Davidson. Uma mulher linda, corajosa e inspiradora que escolheu ver o mundo a pé, ou de camelo, e que ousou viver para si e por si só. 


Lembro que assisti o trailer deste filme enquanto aguardava um outro começar e de imediato me interessei pela história. Anotei o nome do filme na palma da mão e, ao chegar em casa, tratei de ler tudo o que eu podia sobre Robyn. 



Logo nos primeiros minutos da pesquisa descobri que ela não teve filhos e senti um enorme sorriso brotar em minha face ao confirmar que ela iria fazer parte do hall de algumas das mulheres sem filhos que viveram uma vida incrível e que estão listadas aqui na coluna direita deste blog. 

Seja muito bem-vinda, Robyn! Que prazer enorme tê-la no meio de nós.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Dian Fossey






Aos poucos este blog se transforma em livro. E se não fosse uma das mais recentes entrevistadas – que, aliás, já virou uma grande amiga - eu provavelmente não teria ouvido falar da Dian Fossey. Que agora aparece no nosso mural de mulheres sem filhos (na coluna do lado direito) e ganha uma postagem toda dela.

Dian foi uma zoologista americana que contribui enormemente para a conservação de gorilas em seu habitat natural. Ela dedicou 18 anos de sua vida ao estudo desta espécie e se tornou uma das principais primatologistas do mundo.
Seu livro, Gorilas in the mist ainda é um dos mais lidos sobre os primatas, mesmo tendo sido escrito há mais de 30 anos.

Dian foi assassinada em 1985, aos 52 anos, em Ruanda, em circunstâncias que ainda não foram completamente esclarecidas.
O livro citado acima é uma autobiografia, escrita em 1983. Um filme homônimo e protagonizado por Sigourney Weaver foi lançado em 1988.

Pelo (pouco) que li sobre Dian, parece que este filme é uma mistura da autobiografia de Dian e de um artigo intitulado com o mesmo nome escrito por Harold Hayes - autor de um livro sobre ela chamado The Dark Romance of Dian Fossey - para a revista Life em 1987. 

Também em 1987 foi lançada a primeira biografia sobre ela, chamada Woman in the mists, escrita pelo autor canadense Farley Mowat.

E pelo pouco que entendi, parece que a autobiografia de Dian omite muita coisa (além de obviamente não contar o final da história, já que ela morreu dois anos após ter finalizado a obra), enquanto os dois principais livros escritos sobre ela após a sua morte parecem revelar mais detalhes sobre a personalidade, o estilo de vida e os conflitos pessoais e profissionais enfrentados por ela - por apresentarem um desfecho, páginas de seus diários e entrevistas com pessoas que a conheciam e trabalharam com ela.

É claro que, depois que alguém morre, é bem fácil inventar, aumentar, editar e ocultar muita coisa. Então sempre acho que para nos aproximarmos o máximo possível da verdade, o melhor mesmo é recorrer a vários fontes.

Creio que a leitura destes 3 livros (um dela e dois sobre ela), assim como uma sessão pipoca no sofá para assistir a este filme, podem ajudar a conhecer melhor esta mulher que viveu uma vida extraordinária e partiu deste mundo sem deixar filhos para trás.



Nicole Rodrigues

domingo, 16 de junho de 2013

Molly Peacock


"We live in a pronatalist culture, so when you decide not to have children, you find yourself at the far edge of the bell curve. How do you live happily there? Well, you live happily there if you are comfortable with your own nature. And that requires talking about how to separate motherhood from female identity. It's still a taboo subject -- not even discussed in women's studies programs. And endlessly fascinating to me, especially as the Census Bureau tells us we will be seeing increasing numbers of people making this decision."


"Nós vivemos em uma sociedade pró-natalista. Então quando alguém decide não ter filhos, esta pessoa se sente isolada. E como viver feliz assim? Bem, você poderá ser feliz se estiver confortável em relação à sua própria natureza. E isso exige um diálogo sobre como separar a identidade feminina da maternidade. Este assunto ainda é um tabu − não é sequer discutido em programas de estudos sobre as mulheres. E é infinitamente fascinante para mim, ainda mais depois de saber que o Censo indica que o número de pessoas que tomarão esta decisão será cada vez maior."



Molly Peacock

Escritora americana, autora do livro Paradise,
sobre a decisão que tomou de não ter filhos.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Leitura do livro "Two Is Enough: A Couple's Guide to Living Childless by Choice" da Laura S. Scott




Em meio à dolorosa e fragmentada jornada de leitura deste outro livro que ainda não criei coragem para voltar a ler, acabei lendo este aí em cima num piscar de olhos. O Two Is Enough: A Couple's Guide to Living Childless by Choice é um desses livros sobre o qual se houve falar bastante quando o assunto são mulheres ou casais sem filhos. A Laura S. Scott começou com um blog, depois escreveu o livro e agora tem até um documentário sobre o projeto todo e tornou-se bastante respeitada nessa área.

Quando comecei minha pesquisa sobre livros que tratam desse assunto, esse me chamou a atenção pelo título (Tradução livre: “Dois bastam: Um guia para casais que escolheram viver sem filhos”), a capa e a descrição nas lojas online. Tudo parecia muito interessante e indispensável para a minha jornada pessoal e, é claro, para o desenvolvimento do meu próprio
projeto, que é o Útero Vazio. Então, trarei de comprá-lo e, como eu disse aí em cima, li bem rapidinho mesmo.

Em resumo: o livro é bom. A Laura teve o cuidado de consultar e utilizar a ajuda de profissionais em pesquisa para elaborar um questionário contundente e durante alguns anos entrevistou centenas de casais que escolheram não ter filhos nos Estados Unidos e no Canadá. As histórias destes casais são bem diferentes e oferecem um panorama amplo e diversificado dos motivos para esta escolha, assim como dos sentimentos e situações enfrentados pré e pós decisão.


“Apenas isso” já bastaria para que eu recomendasse esse livro aqui no blog, mas tem mais: a autora nos presenteia com um capítulo que eu chamo de bônus e que ela chamou de “Recursos” e que aparece no finalzinho do livro. Ele é bem pequeno, mas muito útil para quem deseja mais informações. Lá ela cita sites, blogs, fóruns, grupos e comunidades de pessoas sem filhos, o que permite que encontros, amizades e relacionamentos aflorem tanto virtualmente como no mundo real. E isso é muito importante, porque a maioria dos livros acaba se tornando um túnel sem saída, não deixando rastros para quem deseja continuar se informando sobre o assunto. 


É claro que as referências bibliográficas estão sempre presente nos livros e ajudam, mas a indicação de canais de comunicação com outras pessoas que estão na mesma situação é valiosa demais para ficar de fora. E a Laura acertou em cheio ao incluir estes atalhos em sua obra. Aliás, a referência bibliográfica dela também merece menção, já que é digna de uma especialista! Livros, artigos de jornais e revistas, estudos científicos... haja faro para pesquisa.

Porém, como nem tudo são flores, aqui vão algumas observações que julgo importantes, já que o objetivo desta fase de pesquisa é fazer uma revisão bibliográfica sobre o assunto e o objetivo do blog é registrar honestamente todas as etapas de feitura deste livro.


Repito, o livro é bom. E o recomendo. Mas confesso que alguns aspectos me atrapalharam um pouco durante a leitura. Como, por exemplo, o modo como a Laura compartilhou conosco a história dos entrevistados, ou melhor, pedaços de histórias. Um parágrafo após o outro lemos novos nomes, idades, profissões e, aos poucos, todos aqueles dados começam a se misturar, porque o vai e vem é bastante rápido e frequente. Então a gente acaba não tendo a chance de se aprofundar melhor na história desses casais, como se eles fossem personagens. Não existe linearidade; não existe história com começo, meio e fim. O que existem são declarações e pensamentos soltos. Ela entrevistou os casais separadamente, depois desmembrou e citou as partes que julgou importantes em diferentes capítulos. Os trechos, de fato, são relevantes e até mesmo reveladores, mas eu esperava dar uma boa espiada na vida desses casais e desejei ter tido a chance de conhecê-los melhor. A Jeanne Safer optou pela mesma abordagem no maravilhoso "Além da maternidade" (que já comentei aqui), mas, acho que no livro dela funcionou porque o número de entrevistados era bem menor.

Outro aspecto deste livro que chamou a atenção foi a abundância de dados estatísticos e acadêmicos. O que, é claro, é ótimo. Mas, mais uma vez, a maneira em que eles foram apresentados, por vezes, tornou a leitura confusa. Tantos números e estudos foram citados em meio aos trechos das entrevistas, que eu senti dificuldades de processar todas as informações apresentadas. Após um certo ponto, o vai e volta de conversas íntimas com os casais para os rígidos dados estatísticos acabou tornando a leitura pesada e fragmentou a minha atenção. Senti que, talvez, o ideal fosse eu ler este livro mais umas duas vezes. Uma para me concentrar só nas entrevistas (experiência pessoal) e outra para explorar os dados estatísticos e referências a estudos (experiência acadêmica). Quem sabe assim eu aproveitaria melhor a riqueza de detalhes que a Laura fez questão de incluir em seu livro.

Uma outra coisa que achei curiosa é a incompatibilidade do título (que foi um dos apelos do livro para mim) com o conteúdo em si. Um guia para casais que decidiram não ter filhos? Olha, eu li todas as páginas e ainda não encontrei o guia. Não há muitas dicas, nem exercícios, nem sugestões no livro. Existem conselhos, é verdade, mas eles estão espalhados pelo livro e não são apresentados de forma estruturada, como seria o caso de um guia. Destaco que isto não torna este livro menos proveitoso, apenas destoa do que a capa anuncia.


Veredito: um bom livro. Uma colcha de retalhos de histórias inspiradoras e de dados específicos que, por vezes, pode ser confusa, mas que resulta em um belo trabalho e que, no fim das contas, acaba funcionando. Certamente será útil para quem se interessa em saber mais sobre uma vida sem filhos. Mas é possível que seja bem mais útil para quem está escrevendo um livro sobre o assunto, já que o estilo acadêmico muitas vezes sobrepõe o tom intimista, que é mais útil a quem está curioso sobre este “estilo de vida”.

p.s. Indicado principalmente para quem já tomou a decisão de não ter filhos, uma vez que todos os casais entrevistados já passaram da fase de decisão. Mas também pode ser bastante interessante, para quem está em processo de decisão, ler como os entrevistados decidiram o que fazer.

Nicole Rodrigues

Postagens populares