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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Hipátia de Alexandria



Hipátia de Alexandria, matemática e filósofa grega, nascida aproximadamente em 355. Filha de Theon, um renomado filósofo e matemático que também era seu professor e que foi o responsável por despertar e estimular o seu interesse pela Matemática, Astronomia, Filosofia, Poesia, Retórica e Oratória.

Hipátia completou os seus estudos na conceituada Academia Neoplatônica em Atenas e ao voltar para Alexandria conquistou o posto de professora na Academia onde havia estudado boa parte de sua vida. Logo se tornou a diretora da Academia, e estudantes de várias cidades, e até de outros países, fossem cristãos ou pagãos, enfileiravam-se nas salas de aula da biblioteca da cidade para assistir às suas aulas.

Hipátia recusou propostas de casamento e renunciou à maternidade para se dedicar ao aprendizado e ao ensino. É sabido que ela desenvolveu estudos e escreveu um tratado sobre a Álgebra, além de ter escrito comentários sobre matemáticos clássicos e de ter se empenhado em solucionar problemas matemáticos confusos e questões astronômicas.

Em março de 415 Hipátia foi assassinada por um grupo de cristãos fanáticos que a acusavam de bruxaria. E foi assim porque Hipátia não era uma mulher comum, e o fato de ela não ter sido uma mulher comum, mas sim educada, decidida e independente demais para sua época, abriu espaço para que algumas pessoas se sentissem intimidadas por ela. O que, por sua vez, abriu espaço para especulações e falsas acusações. Mas o que poderia estar errado na vida de Hipátia? Ela não havia casado, não havia parido uma penca de filhos, nem servido aos homens até o fim de sua vida. Pelo contrário. Hipátia era respeitada pela sociedade e ouvida pelo prefeito da cidade que a tinha como uma conselheira e a quem recorria com freqüência antes de decidir como proceder em relação aos problemas que a Alexandria enfrentava naquela época.

Hipátia escolheu ser dona de si, senhora do seu destino, e isso simplesmente não fazia sentido na cabecinha dos cristãos de outrora (e pra ser sincera ainda não faz, na cabeça de muitos de agora).

Uma mulher influenciando a decisão de um homem? Uma mulher que faz o prefeito pensar e pesar conseqüências ao invés de agir baseado no que está escrito nas escrituras bíblicas? Uma mulher que impede que o prefeito faça o que “a gente” quer? Precisamos nos livrar dela. Digo, uma mulher dona do seu tempo, da sua vontade, do seu corpo, do seu presente e futuro? Isso não é coisa de deus, afinal é deus quem deve escolher o nosso destino. Cabe a ele nos guiar, quando quiser e se quiser... e nos resta apenas crer e esperar que ele haja -- diziam os cristãos. É ele quem deve enviar o “homem certo”, com o qual a mulher casará e terá quantos filhos deus desejar. Ouça bem: quantos filhos deus desejar e não a mulher. Afinal de contas, quem é ela para dizer que não quer mais parir? Quem dirá para dizer aos quatro ventos que não quer e que nunca irá parir. Se ela vive do jeito que bem entende, se recusa a viver de acordo com a palavra de deus, e ousa influenciar um homem que está no poder, então isso deve significar que ela também tem algum poder. (E é claro que eles ignoraram que esse poder era a inteligência, a capacidade de raciocinar, refletir e discernir o certo do errado, capacidade essa que ela havia aprendido e praticado durante todos aqueles anos em que se dedicou aos estudos.) Mas é claro! Ela deve ser uma bruxa! Sim, ela é uma bruxa, está decidido. Uma bruxa e das mais perigosas! O que quer dizer que devemos fazer alguma coisa para evitar que essa mulher continue influenciando o prefeito, digo, desafiando a palavra de deus. Mas que palavra é essa? Não importa, está na Bíblia, em algum lugar, eu sei que está, e por isso devemos segui-la. Mas o que é que deus diz que devemos fazer em casos como esse? Ele disse que devemos puni-la. Que devemos impedir que ela continue vivendo assim, no pecado. Vamos matá-la. Isso, vamos matá-la para ensinar às outras mulheres que aqui não é a casa da Mãe Joana não senhora, vamos dar uma lição nessa turma.

Cercaram Hipátia quando ela voltava para casa após um dia inteiro ensinando seus pupilos a pensarem com a própria cabeça e não com a cabeça dos outros, ou segundo à “palavra de deus”. Suas roupas foram rasgadas do seu corpo e Hipátia foi arrastada pelas ruas de Alexandria até a Igreja Cristã mais próxima onde ela foi apedrejada, ou queimada (as referências históricas divergem nesse ponto), mas não antes de ter sido descamada como um peixe -- teve sua pele arrancada ainda viva com o uso de conchas de ostras afiadas que deslizaram nada suavemente sobre suas curvas até que não existisse nada além de carne vermelha, a ser cortada em pedaços e espalhada pela cidade, como foi.

O crime de Hipátia foi ser corajosa e forte o suficiente para decidir que cabia a ela definir quem ela gostaria de ser e como ela gostaria de viver a sua vida. Ela escolheu o seu próprio rumo ao assumir a paixão de aprendiz e de professora, renunciando a uma vida de dona de casa, de submissão a um marido e de cuidados maternos. Hipátia decidiu que ela viria em primeiro lugar e que o seu desenvolvimento seria sua prioridade. O crime de Hipátia foi ousar ser Hipátia.

Nicole Rodrigues


O filme "Ágora", de Alejandro Amenábar, conta a história de Hipátia.



Fontes:

O filme "Agora" de Alejandro Amenábar

http://en.wikipedia.org/wiki/Hypatia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%A1tia

http://calculu.sites.uol.com.br/Historia/hypatia.htm

http://www.cosmopolis.com/people/hypatia.html

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