domingo, 21 de abril de 2013
Desconforto inédito (Leitura do livro "The Parenthood decision" de Beverly Angel)
A primeira vez que li sobre este livro foi na loja virtual da Amazon.
Eu estava comprando um outro (que por sinal é maravilhoso e que
comentarei em breve em um outro post) quando vi nas sugestões de
“leituras parecidas” a capa deste livro. Li o título (Tradução livre:
"Descubra se você está pronto(a) para tornar-se pai/mãe") e a sinopse e
pensei: por que não? É sobre o processo de decisão de se
tornar mãe ou pai, foi escrito por uma terapeuta de família com mais de
35 anos de experiência e tem exercícios para ajudar casais a tomarem uma
decisão consciente. Parecem bom! Comprei.
Uma semana depois o livro chegou e eu tão ansiosa! Comecei a lê-lo naquele dia mesmo. Logo nas primeiras páginas o tom me pareceu estranho. Muito ‘eu vou mostrar isso’, ‘vou dizer como isso’, ‘vou demonstrar como aquilo’, o que, é claro, é muito bem-vindo quando se trata de um procedimento médico, mecânico ou algo do tipo. Você tem um especialista que, de fato, sabe mais do que muita gente sobre o assunto técnico em questão e que decide compartilhar o conhecimento que acumulou com mais pessoas em um manual. Até aí tudo bem, mas usar a mesma abordagem para ajudar na decisão de ter filhos? Tem algo mais íntimo, pessoal e individual do que isso?
Mesmo escabreada decidi continuar lendo. E foi piorando, piorando e piorando. É bem verdade que encontrei alguns pontos interessantes aqui e ali, assim como alguns dados relevantes e bem distribuídos entre os capítulos, mas, infelizmente, não pude evitar a sensação de que estas informações foram comprometidas pelo tom dominador e direcionador da autora. Parei de ler. Dei-me conta de que já estava muito decepcionada com a leitura e que o melhor seria deixar o livro para lá, me distanciar e tentar um outro dia.
Nesse meio tempo, li um outro livro inteirinho em menos de uma semana. Em seguida, decidi retomar a leitura deste bendito aí em cima e, desta vez, cheguei mais longe, mas um desconforto agudo e crescente me impediu de chegar ao fim.
Apesar disso, para mim está claro que, na condição de pesquisadora, precisarei me forçar a terminá-lo. Quando isso acontecer voltarei a escrever e postarei aqui uma crítica final e objetiva, mas achei importante registrar esse processo custoso de leitura que é algo que eu nunca havia experienciado até agora, nesses quase três anos de pesquisa para o meu livro sobre mulheres sem filhos.
Uma semana depois o livro chegou e eu tão ansiosa! Comecei a lê-lo naquele dia mesmo. Logo nas primeiras páginas o tom me pareceu estranho. Muito ‘eu vou mostrar isso’, ‘vou dizer como isso’, ‘vou demonstrar como aquilo’, o que, é claro, é muito bem-vindo quando se trata de um procedimento médico, mecânico ou algo do tipo. Você tem um especialista que, de fato, sabe mais do que muita gente sobre o assunto técnico em questão e que decide compartilhar o conhecimento que acumulou com mais pessoas em um manual. Até aí tudo bem, mas usar a mesma abordagem para ajudar na decisão de ter filhos? Tem algo mais íntimo, pessoal e individual do que isso?
Mesmo escabreada decidi continuar lendo. E foi piorando, piorando e piorando. É bem verdade que encontrei alguns pontos interessantes aqui e ali, assim como alguns dados relevantes e bem distribuídos entre os capítulos, mas, infelizmente, não pude evitar a sensação de que estas informações foram comprometidas pelo tom dominador e direcionador da autora. Parei de ler. Dei-me conta de que já estava muito decepcionada com a leitura e que o melhor seria deixar o livro para lá, me distanciar e tentar um outro dia.
Nesse meio tempo, li um outro livro inteirinho em menos de uma semana. Em seguida, decidi retomar a leitura deste bendito aí em cima e, desta vez, cheguei mais longe, mas um desconforto agudo e crescente me impediu de chegar ao fim.
Apesar disso, para mim está claro que, na condição de pesquisadora, precisarei me forçar a terminá-lo. Quando isso acontecer voltarei a escrever e postarei aqui uma crítica final e objetiva, mas achei importante registrar esse processo custoso de leitura que é algo que eu nunca havia experienciado até agora, nesses quase três anos de pesquisa para o meu livro sobre mulheres sem filhos.
Nicole Rodrigues
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