domingo, 11 de agosto de 2013

Desconstrução do mito da maternidade perfeita - parte I (O corpo após o parto).







Uma das bases da maternidade consciente é a desconstrução dos mitos relacionados a ela. O mito do instinto materno como sendo inato e universal, da gravidez sem incômodos, do parto sem dor, do amor compulsório e imediato pelo bebê... São tantos os mitos que o melhor mesmo é irmos por parte. Não para desmotivar, chocar ou preocupar quem deseja ser mãe, mas sim para informar e oferecer fatos e imagens mais próximas das várias realidades enfrentadas por mulheres que optam por se tornarem mães, garantindo assim que um número cada vez maior de mulheres tenha acesso a informações pertinentes sobre os vários aspectos da maternidade a fim de poderem tomar uma decisão consciente sobre uma vida com ou sem filhos.

Um desses mitos é o de que o corpo não passa por uma transformação drástica durante a gravidez; de que o que muda mesmo são apenas os quilos a mais e que depois é só fazer dieta e emagrecer. E, hoje em dia, mas do que nunca, as mulheres sofrem a pressão de apresentarem corpos esbeltos e perfeitos pouco depois de darem à luz. Mas a verdade é que as profundas transformações que uma gravidez pode impor ao corpo feminino (cicatrizes, estrias, flacidez, envelhecimento precoce, dismorfia...) nem sempre são reversíveis. E pouco se fala nelas, porque elas raramente são discutidas e compartilhadas pelas mulheres. Quase sempre por vergonha. 

Pensando nisso, a fotógrafa americana Jade Beall, se propôs a colaborar para o processo de redefinição do conceito do corpo da mulher bonita.

Segue a reportagem da BBC sobre o projeto dela: 
Um dia ela entrou em seu estúdio com seu bebê de cinco semanas, tirou a roupa, e fez uma série de fotos. Era um corpo que ela não conhecia. Era um formato de corpo que ela nunca tinha tido antes da gravidez. E ela não gostou muito do que viu. Mas Beall decidiu publicar as fotos em seu blog de fotografia, com o intuito de compartilhar um outro lado da maternidade, que não costuma ser mostrado.

"Tantas pessoas me dizem, 'Oh, eu nunca vi um corpo como esse. Não quero que as pessoas achem as minhas fotos de mau gosto. Quero que elas olhem e digam, 'Oh, essa é uma mulher extremamente humana, ou, essa é uma mulher que tem cicatrizes e linhas com histórias para contar. Meu objetivo é ajudar essas mães a se sentirem dignas de serem chamadas de belas," concluiu Beall.

A mídia está cheia de imagens de corpos femininos. Mas não desses tipos de corpos. Por isso Beall fotografou mais de 70 mães que irão aparecer no livro, A Beautiful Body (Um Belo Corpo, em tradução livre), que deve ser lançado em janeiro de 2014. Ela não usou maquiadores, e não há nenhum tipo de retoque nas fotos.

O projeto A Beautiful body tem um lindo site, onde você poderá ler e ouvir histórias de mulheres que compartilharam informações sobre as mudanças que observaram em seus corpos após se tornarem mães e o pacto de silêncio e vergonha imposto até mesmo pelas pessoas mais próximas.

7 comentários:

  1. Dentre vários outros, esse é um dos fatores que me desencorajam a engravidar, ficar com o corpo totalmente modificado para pior. Pra mim que me preocupo sempre com a saúde e a boa forma, imaginar ganhar uns 15 kgs, estrias, celulite e flacidez...fora a cicatriz do parto, seja normal ou cesariana. Isso tudo não é nem um pouco encorajador.

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    1. É verdade Paula, não é encorajador. No fim das contas, o que vai pesar muito é mesmo o desejo de ser mãe ou não. Ou melhor, o desejo de ser mãe via gravidez. As mulheres que desejam muito esta experiência podem optar por fazerem sua parte para aumentarem as chances de uma gravidez bem saudável, que incluirá todos os hábitos de prevenção de várias das modificações mais drásticas no corpo, assim como poderão recorrer a tratamentos após o nascimento do bebê. É provável que o corpo não volte a ser o mesmo, mas se o desejo de ser mãe for grande o bastante para abraçar esta experiência com tudo o que ela trás, as chances de viver durante e após a transformação do corpo podem ser grandes. O importante é estar consciente destas possíveis mudanças antes da experiência. Para poder se prevenir, remediar e preparar em relação a elas.

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  2. Sabe um livro que talvez seja muito útil e que trata, em parte, deste assunto: o Misconceptions da Naomi Wolf. Se tiver a chance de lê-lo, não perca tempo. Garanto que não irá se arrepender.

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  3. Paula, tenho 24 anos, 2 filhos, uma empresa e estou cursando ciências contábeis em uma universidade de São paulo, meu corpo mudou muito depois das gestações, tenho estrias, celulites, uns 6 quilos a mais que me incomoda fisicamente, mas toda mulher com ou sem filhos tem ou irá ter/por/encontrar/criar algum defeito em seu corpo, a questão é, estar preparada para ter uma vida em seus braços, doar tudo de você, amor, carinho, respeito, educação, bondade, caráter. Mãe é aquela criatura que acolhe, protege, compreende, ensina e tem pelos filhos o mais sincero amor do mundo!
    Você deve pensar se está preparada para tudo isso, o corpo é o de menos comparado a toda a responsabilidade que é um filho.
    E não podemos esquecer nunca, que os anos passam e com eles a beleza também, as rugas virão, a pele vai ficar flácida, o estomago vai dobrar de tamanho, os cabelos enfraquecem, e a sociedade não irá mais ver aquela mulher como exemplo de beleza, sorte é aquela que pode ao longo dessas modificações ter filhos, que sempre irá olhar para aquela mãe, e dizer, eu "tenho a mãe mais linda do mundo", " eu tenho a melhor mãe do mundo", ou "mãe eu PRECISO de você".
    Todas essas modificações ficam tão pequenas quando se tem, e se pode amar um filho!

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    1. "Você deve pensar se está preparada para tudo isso, o corpo é o de menos comparado a toda a responsabilidade que é um filho".

      Essa sua frase resume boa parte do que este blog contém sobre a maternidade consciente, Manoela. Obrigada pelo comentário e pela visita.

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  4. Você disse tudo o que eu ia dizer Manoela Luoli, as marcas na minha barriga me incomodam sim mas eu prefiro mil vezes ter marcas na barriga, culote, peito, coxas e acordar com um abraço apertado e escutar um "mámá" do que ter uma pele de pêssego como eu tinha antes de engravidar, não me vejo mais sem meu filho, ele é tudo na minha vida, eu nunca vou me arrepender de ter engravidado, a maternidade é uma dádiva pra quem realmente tem o dom!

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    1. Obrigada pelo seu comentário Lanna.
      Fico muito feliz em saber que a maternidade te trouxe felicidade! :)

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