Autora: Lisanea Weber Machado
“No século XIX, os escritos femininos de viagens constituíam um novo gênero literário, através do qual viajantes mulheres podiam transmitir, de maneira mais subjetiva que nos escritos de homens, as realidades por elas confrontadas em suas “aventuras” em novas terras. Suas experiências de viagem, porém, não estão registradas na história oficial, em tratados e documentos oficiais, mas em forma de cartas e diários. Apesar das dificuldades enfrentadas para obter reconhecimento em uma sociedade ainda estritamente patriarcal, algumas mulheres aventuraram-se a sair de sua esfera doméstica em busca de um novo mundo.
A citação abaixo declarada pela Royal Geographical Society, como forma de protesto pela admissão de Isabella Bird em 1892, por ser ela a primeira mulher a fazer parte da sociedade, exemplifica o preconceito explícito de seus contemporâneos do sexo masculino.
A Lady an explorer? A traveller in skirts?
The notions just a trifle too seraphic:
Let them stay and mind the babies, or mend our ragged shirts;
But they mustn’t, can’t, and shan’t be geographic.
(THE UNIVERSITY OF HONG KONG, 2005)
Uma dama exploradora? Uma viajante de saias?
Noções um tanto quanto angelicais:
Deixe-as onde estão ocupadas com bebês, ou imendando nossas camisas rasgadas;
Mas elas não devem, não podem e não serão geográficas.
(UNIVERSIDADE DE HONG KONG, 2005)
[tradução: Nicole Rodrigues]
(...)
Isabella Lucy Bird ultrapassou as barreiras do convencional, ou seja, deixou de lado a vida circunscrita de uma típica mulher vitoriana de classe média para transformar-se em uma viajante determinada e perspicaz. Seus livros de viagem, que ainda nos dias de hoje informam e entretêm, a fizeram uma das mais conhecidas mulheres da Inglaterra vitoriana. Bird viajou sozinha para o Havaí, Estados Unidos, Nova Zelândia, Japão, Índia e China. Ela foi uma das poucas mulheres de sua época que conseguiram adentrar pelo mundo das atividades masculinas de aventura, afirmando-se, assim, como uma astuta feminista. Suas idéias estão muito bem expostas em A woman’s right to do what she can do well. Marrocos foi o último destino desta importante viajante no exterior. A partir de suas viagens ela escreveu The Englishwoman in America (1956), The Hawaiian Archipelago (1875), A lady’s life in the Rocky mountains (1876), Unbeaten Tracks in Japan (1880), The Golden Chersonese and the way thither (1883), um diário sobre a viagem à Malásia, escreveu também Journeys in Persia and Kurdistan (1891), Korea and her Neighbours (1898), e The Yagtze Valley and Beyond (1899).”
Isabella Bird casou uma única vez, um pouco antes de completar 50 anos, não teve filhos e morreu aos 72 anos. Ela tinha planos de visitar a China uma segunda vez.
Fontes
trecho da Dissertação de Lisanea Weber Machado:
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/24839/000741932.pdf?sequence=1
informações pessoais:
http://en.wikipedia.org/wiki/Isabella_Bird
Oi,Nicole!Passando para conhecer seu blog, obrigada pela visita.Volte sempre!Confesso que não conhecia essa escritora,mas com certeza ela foi uma mulher de vanguarda ee ousou quebrar os paradigmas da época.
ResponderExcluirBem que ela fez é por ela e outras mulheres assim que hoje estamos onde estamos.
Beijos
Oi Nicole!
ResponderExcluirGostei muito desse texto sobre a exploradora vanguardista... Mas, tenho uma dúvida no texto sobre Bird. A data da admissão de Isabella Bird na Royal Geographical Society foi em 1982 ou 1892?
Abrço
Olá Dona Flor de Lótus,
ResponderExcluirÉ verdade, não fossem mulheres como Isabella Bird a tomarem a dianteira e decidirem seus próprios rumos sem se submeterem à imposição alguma,nós certamente não desfrutaríamos de tanta liberdade em nosso tempo.
Espero que você volte mais vezes para descobrir a existencia de outras mulheres muito corajosas e pioneiras em suas areas de atuação.
@Adri,
Muito obrigada por ler o texto com tanta atenção. Eu tive que digitar e traduzir alguns trechos desse texto e na hora H acabei mudando a ordem dos naúmeros o que alterou a ordem dos acontecimentos na vida de Isabella em mais de um século (rs). A data correta é 1892. Já mudei. Muito obrigada mais uma vez.
Um abraço!