Cá estava eu, matando a saudade das palabras da querida Lélia Almeida, quando leio este trecho do texto chamado "Leite de rosas":
"Gosto de um livro da Victoria Sau, uma feminista espanhola da velha guarda, maravilhosa, que se chama El vacío de la maternidade. Ela afirma que a maternidade não existe, no sentido de que não existe enquanto valor social, já que somos mães para os filhos dos homens, na história do patriarcado. Tudo o que enaltece as mulheres, um pretenso amor ou instinto materno, o acolhimento, a capacidade de cuidar, é o mesmo que nos perde já que somos descartadas nas horas das tomada das decisões legítimas. As mães sírias que o digam.
"Gosto de um livro da Victoria Sau, uma feminista espanhola da velha guarda, maravilhosa, que se chama El vacío de la maternidade. Ela afirma que a maternidade não existe, no sentido de que não existe enquanto valor social, já que somos mães para os filhos dos homens, na história do patriarcado. Tudo o que enaltece as mulheres, um pretenso amor ou instinto materno, o acolhimento, a capacidade de cuidar, é o mesmo que nos perde já que somos descartadas nas horas das tomada das decisões legítimas. As mães sírias que o digam.
Para
Victoria Sau, que retoma o pensamento de Riane Eisler de quem gosto muito, em
algum momento da história do mundo as mulheres, que viviam numa relação de
valorização, não de poder, ao lado de suas mães, numa linhagem matrilinear,
foram sequestradas pelos homens que desta maneira, através do sequestro e do
rapto enfraqueceram sua referência mais importante, a mãe, a avó, a filha, as
amigas, as outras mulheres. Enfraquecer este vínculo é colocar a perder a
irmandade, a cumplicidade e a comunidade de mulheres. E elas passam, então, a
ter filhos para os homens. Portanto, diz Sau, a maternidade não existe, se as
mulheres, como mães, servem aos homens, vivem para eles e não sabem quem são e o
que querem, a maternidade não existe. E as mulheres se contentariam em parir os
filhos numa espécie de inconsciência calando a boca com um pênis ou com um
filho, ela radicaliza. Na verdade a autora faz alusão ao grande mal que o mito
do amor romântico – que direciona a existência feminina para o casamento ou
para o amor - e o mito do amor materno – que faz dos filhos a centralidade de
suas existências - podem fazer à vida das mulheres, imbecilizando-as a elas e
sua prole, num miasma de amor cujo objetivo da vida se situa na rede dos afetos
pura e simplesmente e propõe que as mulheres usem esta potencia em outras
frentes, que cuidem do mundo, oras, ou que não cuidem, e que cresçam e se
desenvolvam de outras maneiras também, para além do que se espera delas."
Como tudo na vida, o ideal é deixar o radicalismo de lado e colocar em práticas os conceitos que se baseiam no raciocício lógico, no bom senso e no respeito as nossas necessidades individuais, para que possamos nos tornar pessoas realizadas e possamos contribuir para o todo ao qual pertencemos, compartilhando do bem-estar e da felicidade que nos permitimos conquistar.
Como tudo na vida, o ideal é deixar o radicalismo de lado e colocar em práticas os conceitos que se baseiam no raciocício lógico, no bom senso e no respeito as nossas necessidades individuais, para que possamos nos tornar pessoas realizadas e possamos contribuir para o todo ao qual pertencemos, compartilhando do bem-estar e da felicidade que nos permitimos conquistar.
Nicole Rodrigues
Gostei de ter conhecido este blog sobre mulheres que não desejam ter filhos sob nenhuma hipótese (meu caso), uma pena que este nosso direito não é respeitado quando os médicos impõe uma série de barreiras para que não façamos laqueadura, eu sou solteira, tenho 30 anos, não tenho vontade de ter filhos e to sentindo que fazer laqueadura vai ser mais complicado do que eu imaginei:(
ResponderExcluirOlá CDO, que pena que não encontrei seu nome ou meio de contato no seu perfil. Mas que bom que vc deixou um "olá" por aqui :)
ExcluirFico feliz que tenha gostado do blog. O motivo principal que me fez criá-lo foi exatamente a agonia que senti ao me dar conta de que o meu corpo é tido por muitos como um corpo social, algo cujo destino deve ser decidido pela sociedae, por pessoas que não conheço, que não têm nada a minha vida e que não serão afetadas de forma alguma pela minha decisão de não ter filhos. Ao paso que eu sou diretamente afetada pela decisão deles de continuarem achando e agindo como se o meu corpo não fosse meu.
Laqueadura deveria ser um procedimento gratuito e livre de qualquer burocracia. Já que o aborto não o é pelo menos a prevenção definitiva deveria ser, para quem deseja tão opção, é claro.
Só nos resta continuar lutando pelo nosso direito de dizer não a tudo o que desejamos evitar em nossas vidas, seja lá o que for.
Um abraço e volte sempre!
Nicole
Olá Nicole, tudo bem?
ResponderExcluirSou jornalista e estou produzindo uma matéria sobre o assunto - mulheres que optaram por não ter filhos, algo que já aparece inclusive como tendência demográfica. Gostaria de conversar um pouco com você sobre o assunto. Se tiver interesse, peço que me escreva o quanto antes - gabriele.jimenez@abril.com.br
Abraços,
Gabriele