Fazia tempo que eu não lia um livro com a capacidade de, ao mesmo
tempo, me inquietar e confortar tanto. Falo do maravilhoso: “Além da maternidade”
de Jeanne Safer, que foi escrito em 1996 − o que me surpreende, já que me
parece bem mais atual, mas também me entristece, por dar a impressão de que tão
pouco mudou em quase 20 anos, em relação ao peso social da maternidade.
Apesar de ter apenas 202 páginas, levei dois
meses para lê-lo. Cada uma delas carrega tantos questionamentos válidos e histórias
enriquecedoras, que fiz questão de ler devagar, até porque é impossível não se
conectar emocionalmente com a trajetória e processo de escolha de Jeanne e das
mulheres que ela nos apresenta e isso acaba tornando a leitura mais pesada ou
até mesmo difícil.
Diversas vezes senti que eu poderia ter escrito muitas das passagens deste livro, tamanha a minha identificação com o conteúdo e o cuidado da autora em relação à apresentação do mesmo. Embora este livro tenha sido sido escrito de forma tão íntima e detalhada, nunca me fez sentir uma leitora alienada − nem mesmo quando as histórias e pontos de vistas apresentados eram tão diferentes dos meus − e jamais falhou em manter minha atenção. A leitura de Além da maternidade foi um aprendizado total. Uma experiência completa, do começo ao fim. E me senti abraçada ao chegar à última página.
Diversas vezes senti que eu poderia ter escrito muitas das passagens deste livro, tamanha a minha identificação com o conteúdo e o cuidado da autora em relação à apresentação do mesmo. Embora este livro tenha sido sido escrito de forma tão íntima e detalhada, nunca me fez sentir uma leitora alienada − nem mesmo quando as histórias e pontos de vistas apresentados eram tão diferentes dos meus − e jamais falhou em manter minha atenção. A leitura de Além da maternidade foi um aprendizado total. Uma experiência completa, do começo ao fim. E me senti abraçada ao chegar à última página.
Existem tantos trechos que eu gostaria de
compartilhar com vocês, mas o mais útil (e raro) nos muitos livros que venho
explorando nessa longa fase de pesquisa para o meu próprio livro, é o epilogo, especialmente
dirigido a mulheres que estão ainda no processo de tomar uma decisão.
Como esta parte final do livro chega a seis
páginas e é dividida em 10 itens, achei melhor publicá-la aos poucos, assim
teremos tempo para pensar com calma em cada um dos tópicos sobre os quais a
Jeanne gentilmente nos estimula a refletir.
"Será que a maternidade seria algo adequado para você? Não adie fazer a si mesma essa pergunta, mesmo que respondê-la seja difícil. Realmente reflita sobre essa questão, comece agora. Arrume tempo para isso. A fim de fazer uma escolha judiciosa, é importante saber o máximo possível sobre seus sentimentos, seus conflitos, suas fantasias e suas necessidades. Converse com seu namorado, marido, amigos e, mais importante que tudo, consigo mesma – e ouça com atenção, com mente aberta, aquilo que você tem a dizer.
1. Como você se sente realmente em relação a crianças? Mulheres que não são talhadas para a maternidade podem ter toda uma gama de reações, que vão de uma aversão profunda até o prazer e o deleite. Você se sente com frequência pouco à vontade ou irritada quando está próxima de crianças? Em caso afirmativo, será sua reação, baseada principalmente na inexperiência ou falta de jeito – o que pode mudar – ou há coisas mais profundas causando o seu desconforto? E mesmo que adore a companhia de crianças, será que o interesse e a atividade delas realmente lhe agradam durante longos períodos? Será que está preparada para passar boa parte do tempo cuidando delas e participando de suas atividades?
Diga a verdade a si mesma. Se tem sentimentos conflitantes, tente conviver com sua ambivalência sem negar nenhum dos pólos; veja aonde isso a leva, qual sentimento e mais forte. Se descobrir que o negativo predomina, não pressuponha que irá se acostumar a ele. Isso depende da intensidade de sua aversão e do quão motivada está para mudar. Pergunte a si mesma por que se sente assim, claro, mas não espere que o lado negativo simplesmente desapareça."
Postarei a segunda parte nos próximos dias, mas se não
quiser esperar até lá, sugiro que considere dar um presente de ano novo a si
mesma e que o compre agorinha mesmo (eu comprei num sebo em Brasília por R$12,00!), para ter acesso total à bem escrita e
elaborada contribuição da autora para que nós, mulheres, possamos nos permitir
refletir e questionar a maternidade antes de tomarmos uma decisão final em
relação a ela.
Fonte: Safer, Jeanne. Além da Maternidade, 1996. Editora Mandarim, São Paulo.