quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Maternidade: direito de escolha (Monica March)


"A maternidade me parece algo mágico. Um ser humano que nasce da combinação de duas pessoas que, salvo exceções tristes, um dia se amaram ou ainda se amam. Um bebê pode acabar ensinando muito mais do que aprende aos que com ele convivem. Crianças cada dia mais inteligentes, divertidas e saudáveis.

Mas, assim como grande parte das mulheres deseja ser mãe, aquelas que escolheram ou decidem não fazê-lo, seja por qual for o motivo, também têm de ser respeitadas. Eu, em dado momento de minha vida, decidi não ter filhos e o fato de nunca gerar uma vida não me faz menos humana ou menos predisposta a amar.

Para algumas pessoas é difícil entender essa posição. Como ir contra a natureza. Acontece que, para mim, nada é contra a natureza. A incompreensão me parece ignorante, crescendo em bases sem estrutura de informação e educação.

Acredito que, aqui, o mais importante de tudo seja transformar esse tema em um dos principais alicerces de um relacionamento. Há anos a história se repete: pessoas que desejam filhos escolhendo quem não quer tê-los e vice-versa. Estão apaixonados e acreditam, pobres almas, que poderão modificar o outro ou seu pensamento com o passar do tempo.

Ninguém muda ninguém. Isso é um fato. E o pior desfecho desta história é não reconhecer a incompatibilidade antes que o tempo passe e um ou mais seres humanos sejam concebidos sem vontade. No final são eles as vítimas da infelicidade e da frustração alheias. Sem contar que aquela pessoa que tanto queria ter filhos poderia ser muito mais feliz com alguém que pensasse como ela.

Estes dias em uma das minhas muitas paradas em livrarias, me deparei com o livro Aprendi com Jane Austen, de William Deresiewicz. Ele, que antes só pensava em James Joyce e Joseph Conrad, se viu com um exemplar de Emma, um dos grandes sucessos de Jane, em suas mãos. “O livro mudou minha vida”, diz o respeitado crítico literário. Por quê? “Fundamentalmente, Jane Austen me ensinou que o que chamamos amor à primeira vista é uma grande incoerência. Também fui criado para um dia, sem mais nem menos, encontrar o amor da minha vida, minha alma gêmea. Mas depois de ler Austen acordei para o fato de que temos que nos preparar para o amor. Estar prontos para ele e conhecer muito bem a pessoa por quem vamos nos apaixonar. As heroínas de Austen casam pelo motivo certo: o amor. E este encontro também se dá no mundo das ideias, dos ideais, dos objetivos.”

As pessoas se encontram no mundo e se relacionam. Mas ainda não sabem a importância da compatibilidade para uma vida em comum. Que o amor vem antes da paixão e devagar. E que ter ou não filhos é um dos tópicos que deveria estar em um dos primeiros lugares nesta lista que, mais do que nos revelar compatíveis, nos coloca em vantagem na busca da felicidade."


2 comentários:

  1. Porque vocês não criam uma página no facebook? Seria uma ótima maneira de divulgar o blog, além de mais pessoas se sentirem apoiadas nessa escolha de não ter filhos. Bjs

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    1. Olá Eliana,

      Obrigada pela sugestão. Este blog não tem uma página no Facebook, e não creio que terá, para ser sincera. Mas estamos no Twitter :) (https://twitter.com/UteroV).
      Abraços,
      Nicole

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