sábado, 21 de agosto de 2010
Complexo de Cinderela
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Hipátia de Alexandria
Hipátia de Alexandria, matemática e filósofa grega, nascida aproximadamente em 355. Filha de Theon, um renomado filósofo e matemático que também era seu professor e que foi o responsável por despertar e estimular o seu interesse pela Matemática, Astronomia, Filosofia, Poesia, Retórica e Oratória.
Hipátia completou os seus estudos na conceituada Academia Neoplatônica em Atenas e ao voltar para Alexandria conquistou o posto de professora na Academia onde havia estudado boa parte de sua vida. Logo se tornou a diretora da Academia, e estudantes de várias cidades, e até de outros países, fossem cristãos ou pagãos, enfileiravam-se nas salas de aula da biblioteca da cidade para assistir às suas aulas.
Hipátia recusou propostas de casamento e renunciou à maternidade para se dedicar ao aprendizado e ao ensino. É sabido que ela desenvolveu estudos e escreveu um tratado sobre a Álgebra, além de ter escrito comentários sobre matemáticos clássicos e de ter se empenhado em solucionar problemas matemáticos confusos e questões astronômicas.
Em março de 415 Hipátia foi assassinada por um grupo de cristãos fanáticos que a acusavam de bruxaria. E foi assim porque Hipátia não era uma mulher comum, e o fato de ela não ter sido uma mulher comum, mas sim educada, decidida e independente demais para sua época, abriu espaço para que algumas pessoas se sentissem intimidadas por ela. O que, por sua vez, abriu espaço para especulações e falsas acusações. Mas o que poderia estar errado na vida de Hipátia? Ela não havia casado, não havia parido uma penca de filhos, nem servido aos homens até o fim de sua vida. Pelo contrário. Hipátia era respeitada pela sociedade e ouvida pelo prefeito da cidade que a tinha como uma conselheira e a quem recorria com freqüência antes de decidir como proceder em relação aos problemas que a Alexandria enfrentava naquela época.
Hipátia escolheu ser dona de si, senhora do seu destino, e isso simplesmente não fazia sentido na cabecinha dos cristãos de outrora (e pra ser sincera ainda não faz, na cabeça de muitos de agora).
Uma mulher influenciando a decisão de um homem? Uma mulher que faz o prefeito pensar e pesar conseqüências ao invés de agir baseado no que está escrito nas escrituras bíblicas? Uma mulher que impede que o prefeito faça o que “a gente” quer? Precisamos nos livrar dela. Digo, uma mulher dona do seu tempo, da sua vontade, do seu corpo, do seu presente e futuro? Isso não é coisa de deus, afinal é deus quem deve escolher o nosso destino. Cabe a ele nos guiar, quando quiser e se quiser... e nos resta apenas crer e esperar que ele haja -- diziam os cristãos. É ele quem deve enviar o “homem certo”, com o qual a mulher casará e terá quantos filhos deus desejar. Ouça bem: quantos filhos deus desejar e não a mulher. Afinal de contas, quem é ela para dizer que não quer mais parir? Quem dirá para dizer aos quatro ventos que não quer e que nunca irá parir. Se ela vive do jeito que bem entende, se recusa a viver de acordo com a palavra de deus, e ousa influenciar um homem que está no poder, então isso deve significar que ela também tem algum poder. (E é claro que eles ignoraram que esse poder era a inteligência, a capacidade de raciocinar, refletir e discernir o certo do errado, capacidade essa que ela havia aprendido e praticado durante todos aqueles anos em que se dedicou aos estudos.) Mas é claro! Ela deve ser uma bruxa! Sim, ela é uma bruxa, está decidido. Uma bruxa e das mais perigosas! O que quer dizer que devemos fazer alguma coisa para evitar que essa mulher continue influenciando o prefeito, digo, desafiando a palavra de deus. Mas que palavra é essa? Não importa, está na Bíblia, em algum lugar, eu sei que está, e por isso devemos segui-la. Mas o que é que deus diz que devemos fazer em casos como esse? Ele disse que devemos puni-la. Que devemos impedir que ela continue vivendo assim, no pecado. Vamos matá-la. Isso, vamos matá-la para ensinar às outras mulheres que aqui não é a casa da Mãe Joana não senhora, vamos dar uma lição nessa turma.
Cercaram Hipátia quando ela voltava para casa após um dia inteiro ensinando seus pupilos a pensarem com a própria cabeça e não com a cabeça dos outros, ou segundo à “palavra de deus”. Suas roupas foram rasgadas do seu corpo e Hipátia foi arrastada pelas ruas de Alexandria até a Igreja Cristã mais próxima onde ela foi apedrejada, ou queimada (as referências históricas divergem nesse ponto), mas não antes de ter sido descamada como um peixe -- teve sua pele arrancada ainda viva com o uso de conchas de ostras afiadas que deslizaram nada suavemente sobre suas curvas até que não existisse nada além de carne vermelha, a ser cortada em pedaços e espalhada pela cidade, como foi.
O crime de Hipátia foi ser corajosa e forte o suficiente para decidir que cabia a ela definir quem ela gostaria de ser e como ela gostaria de viver a sua vida. Ela escolheu o seu próprio rumo ao assumir a paixão de aprendiz e de professora, renunciando a uma vida de dona de casa, de submissão a um marido e de cuidados maternos. Hipátia decidiu que ela viria em primeiro lugar e que o seu desenvolvimento seria sua prioridade. O crime de Hipátia foi ousar ser Hipátia.
Nicole Rodrigues
O filme "Ágora", de Alejandro Amenábar, conta a história de Hipátia.
Fontes:
O filme "Agora" de Alejandro Amenábar
http://en.wikipedia.org/wiki/Hypatia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%A1tia
sábado, 14 de agosto de 2010
"O Segundo Sexo" de Simone de Beauvoir
Texto: A maternidade e o feminismo: diálogo com as ciências sociais
Autora: Lucila Scavone
"Simone de Beauvoir, filósofa e escritora francesa, publica em 1949 O Segundo Sexo, obra contundente que provoca escândalo e adesões, cujas principais idéias fundamentaram e desencadearam as lutas feministas. Podemos considerar que sua obra lançou as matrizes teóricas do feminismo contemporâneo “contestando todo determinismo biológico” afirmando que ‘ser é tornar-se’”, resultando em sua célebre idéia “não se nasce mulher, mas torna-se mulher”.
Questionando a função da maternidade no contexto do pósguerra, em que as forças conservadoras defendiam a família, a moral e os bons costumes, as teses deste livro sobre liberdade sexual, liberação da prática da contracepção e do aborto, podem ser consideradas um marco da passagem do feminismo igualitarista para a fase do feminismo “centrado na mulhersujeito”, dando os elementos necessários para a politização das questões privadas, que eclodiram com o feminismo contemporâneo.
Um dos elementos radicais desta politização relacionava-se à maternidade, isto é, refutar o determinismo biológico que reservava às mulheres um destino social de mães. A maternidade começava, então, a ser compreendida como uma construção social, que designava o lugar das mulheres na família e na sociedade, isto é, a causa principal da dominação do sexo masculino sobre o sexo feminino.
Com base nesta evidência, a crítica feminista considerava a experiência da maternidade como um elemento-chave para explicar a dominação de um sexo sobre outro: o lugar das mulheres na reprodução biológica – gestação, parto, amamentação e conseqüentes cuidados com as crianças – determinava a ausência das mulheres no espaço público, confinando-as ao espaço privado e à dominação masculina.
Em um primeiro momento a maternidade foi reconhecida como um defeito natural que confinaria as mulheres em uma bio-classe. Logo, a recusa da maternidade seria o primeiro caminho para subverter a dominação masculina e possibilitar que as mulheres buscassem uma identidade mais
ampla, mais completa e, também, pudessem reconhecer todas suas outras potencialidades.
Por exemplo, a luta política das mulheres francesas, nos anos 1970, para obter a pílula contraceptiva e o aborto como direito político, possibilitou a efetivação desta recusa. A máxima deste movimento era “uma criança se eu quiser, quando eu quiser”, que reivindicava o direito à livre escolha da maternidade (...)"
Obs: Esses são apenas alguns trechos da introdução do texto escrito por Lucila Scavone. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/cpa/n16/n16a08.pdf
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Mulheres que optam por não ter filhos são alvo de pressão social
Embora seja uma opção cada vez mais comum entre mulheres de países desenvolvidos, muitas britânicas que, por vontade própria, descartam ter filhos, são alvo de uma grande pressão por parte de parentes, amigos, colegas de trabalho e até mesmo estranhos.
Segundo a socióloga Catherine Hakim, da London School of Economics, na Grã-Bretanha, esta pressão às vezes pode ser tamanha que faz com que algumas mulheres acabem por não admitir publicamente a opção por não ter filhos.
“Um estudo feito no Canadá há alguns anos aponta que cerca de metade das mulheres que não têm filhos aos 40 anos na verdade optaram por isso quando eram mais novas”, diz.
“Mas muitas delas não declaram isso devido à pressão social que iriam sofrer ao mencionarem a preferência por não ter filhos”.
De acordo com Hakim, este é um fenômeno relativamente novo, que surgiu com o desenvolvimento das pílulas anticoncepcionais.
“A revolução contraceptiva mudou totalmente as perspectivas (das mulheres). Ter filhos deixou de ser inevitável para todas que se casassem ou fizessem sexo para se tornar algo passível de escolha.”
‘Chocada’
Esta escolha, porém, nem sempre é compreendida, como mostra o caso da britânica Jenny Woolfson, de 25 anos.
“Uma colega de trabalho ficou chocada quando eu disse que não queria filhos. Ela afirmou: ‘você é uma mulher, nasceu com um útero. Deus nos deu o útero para procriarmos’”, contou Woolfson ao programa de rádio da BBC Woman´s Hour.
Julia Wallace, madrasta de três crianças que não vivem em sua casa, enfrenta problema parecido.
“Dizem que eu não sei o que estou perdendo e que só saberei que quero um filho depois de ter um”, conta.
“Mas, se você não tem motivação para ter um bebê, por que tê-lo? Eu não escolheria ser enfermeira com base na aposta de que adoraria a carreira quando começasse”, afirma ela.
Nem todas, porém, são tão convictas quanto à ideia de deixar a maternidade de lado.
É o caso de Beth Folina, especializada em orientar mulheres aflitas com a indecisão sobre o planejamento de uma gravidez.
Ela mesma já enfrentou o dilema. Folina conta que, até os 30 anos, não queria filhos – opção que havia sido informada a seu parceiro.
“Até que surgiu o desejo de me tornar mãe. Passei uns dois anos lutando contra a ideia, mas, no fim, resolvi que queria mesmo um bebê. Mas sei que, se não fosse mãe, teria uma vida bem diferente, mas igualmente gratificante.”
Ela conta que muitas de suas clientes não querem mesmo filhos, mas, apesar da convicção, sofrem com a pressão de familiares e amigos.
“Eles dizem: ‘Você não sabe o que está perdendo, você daria uma ótima mãe’. Há também os pais que pedem netos”, diz.
“Muitas pessoas partem do princípio de que, se você for solteira e sem filhos, é porque ainda não encontrou o homem certo. Logo que entra em uma relação estável, querem saber qual é o próximo passo”, continua Folina.
Em outros casos, se o bebê não chegar depois da troca de alianças, muitos apostam na infertilidade do casal.
É o que ocorre com Lisa Davies, 38. “Eu fico chateada pelo fato de olharem para mim e falarem comigo como se eu tivesse algo de errado”, diz.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/08/100801_mulheres_filhos_cp_cq.shtml
domingo, 1 de agosto de 2010
Entrevista com Jerry Steinberg, fundador do club No Kidding.
Professor canadense diz que os casais procriam por inércia
Paula Mageste
O canadense Jerry Steinberg, de 57 anos, vai logo avisando que gosta de crianças. Mas não em tempo integral. Gastou sua cota de "paternidade" ajudando a criar os dois irmãos, sendo monitor de acampamento e seguindo a carreira de professor - dá aulas de inglês para estrangeiros. A gota d'água foi namorar três mulheres que tinham filhos. Desistiu de formar a própria prole ao ver que o cotidiano que inclui pequenos é cheio de limitações. "Não se pode ter uma conversa séria às 3 da tarde ou fazer amor às 10 da manhã", diz. Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT357630-1666,00.html |
"As conexões com e entre mulheres são as mais temíveis, as mais problemáticas e as forças mais pontecialmente transformadoras no planeta".
“The connections between and among women are the most feared, the most problematic, and the most potentially transforming force on the planet.”
Adrienne Rich
Poeta, professora e escritora americana
*On Lies, Secrets and Silence - página 279, de Adrienne Rich - New York: Norton, 1979
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