Você nem ao menos disse o tão esperado "sim" no altar ou diante de uma proposta informal para juntarem os "trapinhos" e a família já começa a perguntar sobre os filhos. A insistência desagrada a muitos casais e pode criar até uma "saia-justa" (afinal, e se a gravidez só não ocorreu ainda por problemas de infertilidade?). Pior do que essa pressão, porém, é a reação de boa parte da sociedade quando uma mulher decide que, simplesmente, não quer ser mãe.
Prova disso foram as respostas de amor e ódio ao lançamento do livro Sem Filhos - Quarenta razões para não ter no Brasil. Nele, Corinne Maier, psicanalista e economista, lista vários motivos polêmicos para não ter crianças em casa.
A autora de 43 anos que abomina a maternidade é mãe de dois adolescentes e não tem qualquer pudor de culpar uma criança por roubar os momentos de lazer dos pais, dominar a vida do casal, afastar os amigos adultos de casa e, claro, quebrar todo o clima na hora do sexo.
Opinião semelhante é compartilhada por Alice Freitas. Casada há dois anos, a publicitária de 35 anos diz que jamais renunciaria aos seus prazeres para cuidar de um filho. "Se tivesse que desmarcar uma viagem ou mudar meus planos por causa de uma criança, faria tudo com má vontade. Então, para não culpar alguém pela minha infelicidade, prefiro continuar com a independência que tenho", esclarece.
Para Aline, outro ponto que a fez desistir do projeto de ser mãe é a questão financeira. "A minha renda familiar não permite. Teríamos que fazer muitos sacrifícios para sustentar uma criança. Por isso, mesmo que houvesse uma lei obrigando um casal a ter filhos, provavelmente eu e meu marido seríamos 'foras-da-lei'", afirma.
Por outro lado, há histórias menos radicais. Em comunidades na Internet, que defendem a idéia de não ter filhos, por exemplo, foi possível encontrar quem mudou de posição. Bia*, de 33 anos, atualmente espera o nascimento de uma menina para dezembro. "Nem lembrava que ainda estava nessa comunidade", disse a empresária, que prefere preservar sua identidade.
Casada há cinco anos, Bia conta que ter filhos não estava nos planos do casal até o ano passado. "Optamos por viajar, estudar e crescer na profissão. Mas, depois de um certo tempo, percebemos que faltava algo e começamos a avaliar tudo o que antes achávamos um obstáculo para engravidar. Se fôssemos pensar só nos gastos, jamais seria mãe. A nossa decisão foi muito mais emocional que financeira. E acho que está valendo a pena", garantiu a futura mamãe.
Razões dos especialistas para abrir mão da maternidade
Dificuldades financeiras e não ter ao lado um homem que considere o ideal para ser pai estão entre os principais motivos para adiar a gravidez, pelo menos por um tempo. Nesses casos, a psicoterapeuta Sueli Molitérno, especialista em terapia de regressão de memória, propõe uma avaliação do inconsciente. "Quase sempre há um medo por trás, baseado no seu histórico de vida. O "não a gravidez" pode ser dado por medo da deformação física, medo de não ser uma boa mãe, medo de ser abandonada pelo companheiro, medo de que o filho passe por um sofrimento que ela já passou", explica.
Feridas emocionais à parte, para a psicóloga Sueli Castillo, a decisão de não ter filhos deve-se à liberdade de escolha conquistada pelo sexo feminino. "Os métodos contraceptivos deram à mulher a oportunidade de escolher quando e se realmente quer ser mãe. Ela se libertou da "culpa" de se sentir diferente e, assim, assumiu mais a sua autenticidade", acredita.
Infelizmente, as especialistas admitem que há um preço a se pagar quando a escolha (seja em relação à maternidade ou qualquer outro assunto)foge aos padrões considerados normais.
A decisão de passar a vida inteira sem experimentar a sensação de ficar grávida gera preconceito e discussões acaloradas, como tudo que altera a ordem social estabelecida. De quebra, muitas vezes envolve até pensamentos machistas. "Uma mulher que não deseja ser mãe é vista como fria", explica Sueli Castillo.
Segundo a psicóloga, porém, as decisões não podem nunca ser baseadas nesses julgamentos. "Se todos resolvessem seguir os padrões impostos, a família seria indissolúvel, sem separações ou divórcios, não haveria união sem "casamento oficial", muito menos casamentos entre pessoas do mesmo sexo", lembra.
A enfermeira Fernanda da Silva, de 40 anos, concorda. Essas atitudes e olhares de reprovação - muitas vezes sutis - nunca a assustaram. Recém-separada, após um casamento de 17 anos, ela conta que nunca pensou em ter um filho, mesmo contrariando os desejos dos parentes, principalmente dos pais e sogros.
"Minha rotina é muito complicada, e meu marido sempre me apoiou nessa decisão. Aproveitamos muito a vida a dois. Hoje, estou solteira novamente e vejo de forma ainda mais clara que uma criança só teria atrapalhado meu crescimento pessoal. Não teria, por exemplo, a liberdade para sair com os amigos e voltar para casa na hora em que achar melhor ou então, se for o caso, nem voltar", comenta bem-humorada.
* nome fictício dado a pedido da entrevistada.
Feridas emocionais à parte, para a psicóloga Sueli Castillo, a decisão de não ter filhos deve-se à liberdade de escolha conquistada pelo sexo feminino. "Os métodos contraceptivos deram à mulher a oportunidade de escolher quando e se realmente quer ser mãe. Ela se libertou da "culpa" de se sentir diferente e, assim, assumiu mais a sua autenticidade", acredita.
Infelizmente, as especialistas admitem que há um preço a se pagar quando a escolha (seja em relação à maternidade ou qualquer outro assunto)foge aos padrões considerados normais.
A decisão de passar a vida inteira sem experimentar a sensação de ficar grávida gera preconceito e discussões acaloradas, como tudo que altera a ordem social estabelecida. De quebra, muitas vezes envolve até pensamentos machistas. "Uma mulher que não deseja ser mãe é vista como fria", explica Sueli Castillo.
Segundo a psicóloga, porém, as decisões não podem nunca ser baseadas nesses julgamentos. "Se todos resolvessem seguir os padrões impostos, a família seria indissolúvel, sem separações ou divórcios, não haveria união sem "casamento oficial", muito menos casamentos entre pessoas do mesmo sexo", lembra.
A enfermeira Fernanda da Silva, de 40 anos, concorda. Essas atitudes e olhares de reprovação - muitas vezes sutis - nunca a assustaram. Recém-separada, após um casamento de 17 anos, ela conta que nunca pensou em ter um filho, mesmo contrariando os desejos dos parentes, principalmente dos pais e sogros.
"Minha rotina é muito complicada, e meu marido sempre me apoiou nessa decisão. Aproveitamos muito a vida a dois. Hoje, estou solteira novamente e vejo de forma ainda mais clara que uma criança só teria atrapalhado meu crescimento pessoal. Não teria, por exemplo, a liberdade para sair com os amigos e voltar para casa na hora em que achar melhor ou então, se for o caso, nem voltar", comenta bem-humorada.
* nome fictício dado a pedido da entrevistada.
Livro: Sem Filhos - Quarenta razões para não ter
Autora: Corinne Maier
Editora: Intrínseca
Nenhum comentário:
Postar um comentário