Escultura "Vida", produzida pela artista plástica Eliana Kertesz.
Nesta fase de pesquisa, que parece não ter fim, encontrei um texto chamado
“A (des)construção da maternidade” escrito pela Maria das Graças Pinto. Eu não sei se trata-se de um resumo de um estudo acadêmico mais extenso ou se a pesquisa que ela fez foi apresentada em apenas 6 páginas mesmo. De qualquer forma vale a pena a leitura. O meu trecho favorito segue abaixo:
“A (des)construção da maternidade” escrito pela Maria das Graças Pinto. Eu não sei se trata-se de um resumo de um estudo acadêmico mais extenso ou se a pesquisa que ela fez foi apresentada em apenas 6 páginas mesmo. De qualquer forma vale a pena a leitura. O meu trecho favorito segue abaixo:
“ Opção pela maternidade: o que dizem as mulheres
Opção resulta em possibilidade de escolha. No que diz respeito à maternidade, nem sempre essa relação tem se mostrado tão fácil de ser percebida. Grande parte das vezes parece predominar um caráter de obrigatoriedade nessa “opção”.
Uma das primeiras indagações feitas aos sujeitos da pesquisa [que fiz para este livro], dizia respeito a como ocorreu à opção pela maternidade. Segundo Cristina [uma das entrevistadas], essa decisão foi muito discutida, juntamente com o seu marido, tendo surgido muitos momentos de “recuo”. Para Ela a “opção” por ter filhos a acompanhou desde muito cedo, inclusive com certo caráter de idealização. No caso de Márcia, esta relatou que ser mãe fosse apenas um desejo desde a adolescência.
A opção pela maternidade demonstra estar menos relacionada com uma escolha do que propriamente com um fascínio, uma decorrência óbvia e natural da existência feminina.
Parece que a outra possibilidade, a de não ser mãe, não está tão fortemente inscrita, seja na infância, na adolescência ou na vida adulta. Dificilmente ouviremos alguém dizer: eu sempre quis não ser mãe.
Provavelmente um dos motivos para não se reconhecer o fato de que a maternidade deveria se configurar efetivamente em uma opção esteja no peso social que recai sobre as mulheres que dizem não a essa prática.”.
Leio o texto da Maria das Graças na íntegra clicando aqui.
Fontes:
Texto citado: http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/posteres/GT23-2235--Int.pdf
Imagem: escultura exposta em uma maternidade no Acre.
Quando se trata de "escolher" ser ou nao ser mae a "escolha" só é legitimada se for "ser mae". É inegável que existe uma coercao psicológica para que (em especial) as mulheres produzam descendentes. Isso traz uma angústia imensa para as nao-maes, nao por que elas estejam incertas de sua condicao, mas por que em várias situacoes elas serao interrogadas e terao seu caráter posto a prova. Quem nunca sofreu com aquelas perguntas indiscretas "quando vocês terao filhos" e quando você responde cada palavra sua é utilizada para desmerecer diminuir suas opcoes de vida.
ResponderExcluirPara aquelas que decidem entao ser mae, as cobrancas deveriam acabar, porém elas só aumentam e se tornam mais sufocantes ainda.
A idealizacao e sacralizacao da maternidade só trazem sofrimento para maes, nao-maes e filhos! No fim de tudo isso a sociedade como um todo paga o preco!!!
Fran