"A maternidade me parece algo mágico. Um ser humano que nasce da combinação de duas pessoas que, salvo exceções tristes, um dia se amaram ou ainda se amam. Um bebê pode acabar ensinando muito mais do que aprende aos que com ele convivem. Crianças cada dia mais inteligentes, divertidas e saudáveis.Mas, assim como grande parte das mulheres deseja ser mãe, aquelas que escolheram ou decidem não fazê-lo, seja por qual for o motivo, também têm de ser respeitadas. Eu, em dado momento de minha vida, decidi não ter filhos e o fato de nunca gerar uma vida não me faz menos humana ou menos predisposta a amar.Para algumas pessoas é difícil entender essa posição. Como ir contra a natureza. Acontece que, para mim, nada é contra a natureza. A incompreensão me parece ignorante, crescendo em bases sem estrutura de informação e educação.Acredito que, aqui, o mais importante de tudo seja transformar esse tema em um dos principais alicerces de um relacionamento. Há anos a história se repete: pessoas que desejam filhos escolhendo quem não quer tê-los e vice-versa. Estão apaixonados e acreditam, pobres almas, que poderão modificar o outro ou seu pensamento com o passar do tempo.Ninguém muda ninguém. Isso é um fato. E o pior desfecho desta história é não reconhecer a incompatibilidade antes que o tempo passe e um ou mais seres humanos sejam concebidos sem vontade. No final são eles as vítimas da infelicidade e da frustração alheias. Sem contar que aquela pessoa que tanto queria ter filhos poderia ser muito mais feliz com alguém que pensasse como ela.Estes dias em uma das minhas muitas paradas em livrarias, me deparei com o livro Aprendi com Jane Austen, de William Deresiewicz. Ele, que antes só pensava em James Joyce e Joseph Conrad, se viu com um exemplar de Emma, um dos grandes sucessos de Jane, em suas mãos. “O livro mudou minha vida”, diz o respeitado crítico literário. Por quê? “Fundamentalmente, Jane Austen me ensinou que o que chamamos amor à primeira vista é uma grande incoerência. Também fui criado para um dia, sem mais nem menos, encontrar o amor da minha vida, minha alma gêmea. Mas depois de ler Austen acordei para o fato de que temos que nos preparar para o amor. Estar prontos para ele e conhecer muito bem a pessoa por quem vamos nos apaixonar. As heroínas de Austen casam pelo motivo certo: o amor. E este encontro também se dá no mundo das ideias, dos ideais, dos objetivos.”As pessoas se encontram no mundo e se relacionam. Mas ainda não sabem a importância da compatibilidade para uma vida em comum. Que o amor vem antes da paixão e devagar. E que ter ou não filhos é um dos tópicos que deveria estar em um dos primeiros lugares nesta lista que, mais do que nos revelar compatíveis, nos coloca em vantagem na busca da felicidade."
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Maternidade: direito de escolha (Monica March)
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Felizes sem filhos (parte VII)
Não ter filhos sempre foi um caminho natural para a psicóloga e
professora universitária Fabiane Machado. Aos 40 anos, ela não sente a
mínima falta de ser mãe e se diz satisfeita com a vida que tem. Ainda
mais nos últimos cinco anos, depois da união com o advogado Marcelo
Machado, que divide com ela a predileção por viver sem a presença de
crianças. Com a cumplicidade que surgiu pela convergência de espíritos
afins, o casal preserva a liberdade de que tanto gosta - e não tem
qualquer intenção de mudar. Quando começaram a se envolver, uma das
primeiras coisas que Fabiane perguntou ao novo namorado foi se ele
desejava ter filhos. A resposta negativa foi a senha para o início de um
grande amor.
- Somos muito felizes assim, tenho a vida que sempre quis.
Mas engana-se quem pensa que eles excluíram as crianças das suas
vidas. Tios atenciosos e cheios de sobrinhos, Fabiane e Marcelo
participam ativamente da vida de seus pequenos, a quem amam e com quem
fazem questão de conviver. Baixinha, Fabiane comenta causar
identificação imediata com as crianças, o que é motivo de alegria. Com a
vantagem que, depois de brincar, cada filho vai para a casa de seus
pais, devolvendo o casal ao seu adorado cotidiano a dois.
Fonte: Jornal Zero Hora
Reportagem: Patricia LimaFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Fotos: Adriana Franciosi
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Felizes sem filhos (parte VI)
Para a professora do Método De Rose, Naiana Alberti, de 37 anos, não
ter filhos foi uma escolha fácil, pois desde muito jovem soube que não
queria ser mãe. Não tem o tal instinto materno e, principalmente, não
pretende abrir mão da liberdade de ir e vir a hora que quiser, sem ter
que pensar que alguém depende dela.
- Ter filhos é uma responsabilidade enorme. E eu simplesmente não estou disposta a assumi-la - afirma.
Equacionar essa decisão como casal também foi simples, já que o
companheiro de Naiana pensa como ela e não deseja ser pai. A quem lhe
repete as velhas perguntas, ela responde que é feliz assim, do jeito que
está.
- Não há vazios para preencher no meu relacionamento, não quero um
enfermeiro para a minha velhice e não me sinto sozinha, pois tenho
amigos e estou constantemente cercada de amor. Há muitas formas de ser
feliz e cada um tem que achar a sua.
O trabalho, que é um dos fatores que afastam as mulheres da
maternidade, não está entre os motivadores da decisão de Naiana. Sócia
da escola em que dá aulas, ela se considera uma apaixonada pela
atividade profissional que exerce. No entanto, não tem sua vida
inteiramente voltada para o negócio. Tem tempo livre - pouco, diz ela,
mas tem - e faz questão de viver tudo o que gosta, ao lado do marido e
dos muitos amigos que cultiva. E nunca perde a oportunidade de deixar
claro que renunciar à maternidade é uma decisão pessoal, íntima e sobre a
qual as pressões externas não costumam funcionar.
- Até pela natureza do meu trabalho, busco o autoconhecimento
constantemente. E estou muito segura e tranquila com a minha decisão.
Isso, para mim, é a felicidade.
Fonte: Jornal Zero Hora
Reportagem: Patricia LimaFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Fotos: Adriana Franciosi
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Felizes sem filhos (parte V)
E quem vai te cuidar na velhice?
À mais clássica e recorrente das perguntas feitas a quem não pretende
ter filhos, estatísticas elaboram a resposta. São as amigas, e não os
filhos, que tomam conta das mulheres na maturidade. É o que diz uma
longa pesquisa feita pela antropóloga Mirian Goldenberg e publicada em
seu mais recente livro, A Bela Velhice. Segundo a estudiosa, existe a
ilusão de que filhos são a garantia de uma velhice menos solitária e
mais feliz. O problema é que, na maior parte dos casos, essa expectativa
não se confirma, gerando enorme frustração nas idosas.
- O que percebi na pesquisa é que as amigas cumprem esse papel de
cuidado e carinho na velhice. Um vínculo gerado exclusivamente pelo
afeto, e não pela obrigação, origina relações de grande cumplicidade
entre as amigas, que se divertem, se acompanham e se cuidam mutuamente -
comenta Mirian.
Outra percepção revelada por Mirian é a idealização da maternidade e da família, outra fonte de frustração na maturidade.
- Muitas idosas falam da família como uma prisão, como algo que as
privou de muitas coisas boas, como a liberdade. E dizem que ao final da
vida percebem que o sacrifício não valeu a pena.
A antropóloga deixa claro, no entanto, que o objetivo do livro não é
desestimular a maternidade ou a crença na família. Quer somente alertar
para os perigos de depositar nos filhos a esperança de uma velhice
feliz. Para garantir felicidade e cuidados na etapa final da vida, ela
aconselha as mulheres a cultivarem suas amizades e suas relações
sociais.
Fonte: Jornal Zero Hora
Reportagem: Patricia LimaFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Fotos: Adriana Franciosi
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Felizes sem filhos (parte IV)
A publicitária Leah Macedo, de 48 anos, tem um único motivo para não
querer ter filhos. Não é a preocupação com o corpo, não é a dedicação
exclusiva ao trabalho, não é a indiferença às crianças, não é a falta de
amor. O motivo é o gosto. Gosto, não. É a necessidade vital de
liberdade. Não ter amarras, poder estar aqui e lá, estar livre para
transitar pelo mundo, é o que verdadeiramente a motiva para escolher a
vida que tem.
- Quando era pequena, adorava as minhas bonecas. Mas elas ficavam
intocadas na prateleira. Nunca tive muita vontade de brincar de verdade
com elas. Gostava mesmo era de brincar de executiva, que tinha muitas
reuniões e viajava pelo mundo - comenta Leah.
Além de não desejar filhos, ela também não queria casar. Tudo para
manter-se livre. Preservou a convicção da solteirice até os 37 anos,
quando conheceu um grande amor.
- Cedi ao me casar e então pensei: "Ah, pode ser que me dê até vontade de ter filhos". Mas acontece que a vontade não veio.
O casamento terminou e hoje Leah considera a possibilidade de engatar
um novo relacionamento. Mas a convicção de não ter filhos permanece
intacta. Afinal, é uma mulher feliz, resolvida e cheia de amor, sem
filhos por perto.
Fonte: Jornal Zero Hora
Reportagem: Patricia LimaFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Fotos: Adriana Franciosi
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Felizes sem filhos (parte III)
As coisas foram acontecendo sem muito planejamento na vida da
advogada Vera Martini, de 55 anos. Quando jovem, queria casar-se e ter
filhos. Mas o amor da vida tardou a chegar e ela nunca pensou em
produção independente. Quando encontrou seu companheiro e casou, aos 42
anos, já era tarde para a maternidade.
- Não havia mais espaço na minha vida para filhos. Não queria abrir mão de tudo para ser mãe.
E foi assim que a vida se encarregou de mostrar a ela que a felicidade seria possível, mesmo com o desvio do plano inicial. Hoje, mais madura, compreende que a maternidade nunca foi uma necessidade, um desejo visceral. Era mais um apelo cultural, que ainda causava eco em sua geração de mulheres, para quem a única felicidade genuína residia na formação de uma família. Na verdade, segundo Vera, isso nunca foi importante.
Observá-la com os sobrinhos e afilhados, no entanto, prova que não é
preciso parir filhos para exercer o amor maternal. Ela os mima, convive
com eles, fez de todos gremistas fanáticos e os carrega para a Arena
sempre que pode. Apesar disso, e talvez por causa disso, nunca sentiu
falta de filhos seus.
- Não ter filhos mais cedo foi circunstância. Depois, foi decisão.
Fonte: Jornal Zero Hora
Reportagem: Patricia LimaFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Fotos: Adriana Franciosi
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domingo, 24 de novembro de 2013
Filme uterino: Quem tem medo de Virginia Woolf
Já
faz algum tempo que assisti a este filme: Quem tem medo de Virginia Woolf.
Lembro do grande impacto que ele teve em mim, por vários motivos.
- O primeiro deles foi assistir Elizabeth Taylor na tela pela primeira vez. Talvez até não tenha sido a primeira, mas como eu não lembro de tê-la visto em nenhum outro filme além de Cleópatra, que assisti quando era muito pequena e do qual não lembro nadinha de nada, a sensação foi esta mesmo: a de vê-la em movimento pela primeira vez. Antes disso, tudo o que eu tinha como referência sobre ela eram fotos, pôsteres, desses que a gente vê em revistas e sites sempre que há uma lista de mulheres mais belas de todos os tempos, divas do cinema, musas eternas, etc… Assisti-la dominando cada uma das cenas em duas horas de filme foi uma experiência extraordinária. Um daqueles momentos em que a gente finalmente junta uma coisa com a outra e pensa: Ahhh, agora eu sei porque é ela é um ícone. Ela foi bem mais, muito mais, do que um par de olhos violeta. Uma atriz extraordinária, belíssima, que já havia passado dos seus anos dourados em termos de juventude e beleza intocável, mas talvez por isso mesmo, tenha se sentido mais à vontade para mostrar que, de fato, sabia atuar. Só isso teria sido o suficiente pra eu gostar de ter assistido este filme.
- O segundo impacto foi assistir o desenrolar da história que deixa muitos pontos de interrogação na cabeça do espectador. É um desses filmes que não se preocupa em mastigar tudo, resolver tudo, esclarecer tudo. Cabe ao espectador, com base em quão atentamente ele assistiu cada uma das cenas, sair catando os pedaços de um quebra-cabeça.
Não posso contar muito, aliás não posso contar nada, senão vou estragar o final do filme, mas se você estiver a fim de assistir uma guerra de deuses na telinha e explorar os mistérios emocionais deste casal (com ou sem filhos): alugue este filme. Vale a pena cada minuto. E depois – só DEPOIS – de assisti-lo, aventure-se neste ensaio crítico sobre a obra (em inglês).
Nicole Rodrigues
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Ginecologia natural
Aqui vai a dica de um blog interessantíssimo (em espanhol) sobre a ginecologia
natural: alimentação saudável, uso de plantas medicinais, cuidados durante os
períodos de menstruação, a gravidez, a menopausa, etc.
Em uma era cada vez mais medicalizada como a nossa, é importante
lembrarmos que nem tudo que é bom vem numa embalagem e nem tudo que cura
encontra-se em um hospital.
Nosso corpo, nosso templo. Lembrem-se sempre. Se a sociedade como um todo não nos ensina a cuidar de nosso corpo (ao
contrário, age como se não tivéssemos direito algum sobre ele), cabe a nós
conhecer e aprender a utilizar os recursos naturais (muitas vezes disponíveis
em nosso próprio quintal ou à venda na feira mais próxima) e a desenvolver
hábitos que nos protegerão dos mais variados tipos de incômodos e doenças.
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